França - Annecy, região dos alpes. Bruno Freire15:25 4 comentários

            Nunca tinha ouvido falar de Annecy até decidir viajar pelo sul da França. Quando comecei a pesquisar sobre o tema, reparei que, praticamente, todos os roteiros incluíam esta cidade. E não era apenas como um ponto de passagem, eles a colocavam por no mínimo dois ou três dias. Então pensei, ou ela está numa localização estratégica para conhecer a região, ou é algo sui generis mesmo. Para minha sorte, as duas opções estavam certas. Localizada entre a Suíça, Itália e França, Annecy encanta até os turistas mais exigentes. Habitada por uma população extremamente simpática, receptiva e orgulhosa da sua cidade, que faz com que o visitante se sinta sempre bem-vindo. Enquanto estive por lá, escutei várias frases do tipo, "a cidade é pequena, mas é encantadora", "é uma cidade inesquecível" e muitas outras, que hoje me sinto na obrigação de concordar. Além disso, o lugar é um charme. Bastam quinze minutos de passeio para ficar completamente envolvido.

Em Annecy, o romantismo está por toda parte.

 Os Canais de Annecy:

                         Apesar de pequena, reserve muitas horas para passear por Annecy, deixando-se perder por suas ruas estreitas, cortadas por canais, sem pensar no tempo. Sim , Annecy é cortada por belíssimos canais, o que rendeu a ela o carinhoso apelido de "Veneza da Savóia". O principal canal é o Thiou, mas não se prenda a detalhes, em cada esquina o deslumbramento será garantido, independentemente deles.

Entende agora, porque eu digo que não precisa se deter em minúcias?

Não se surpreenda ao encontrar cisnes brancos nadando tranquilamente pelos canais da cidade, sem dar a mínima atenção aos turistas que se aglomeram para contemplá-los. 

O canal Thiou, cruzando a cidade e enchendo-a de charme, nos traz automaticamente a imagem de Veneza, tomando de romantismo nossas mentes e, principalmente, os nossos corações.

O Centro Medieval:

                     Ao caminhar pelo centro medieval de Annecy, senti como se aquele lugar tivesse esquecido do tempo e o conselho é: faça o mesmo!  Aqui é onde encontramos os principais cartões postais da cidade como o Palais de l'Isle e o Château d'Annecy. Embora estes dois mereçam destaque, é certo que você também se encantará com os pequenos restaurantes com vista para o canal, bem como, com as bicicletas e as flores que margeiam o Thiou ou com as belas igrejas espalhadas por lá. São tantos tesouros que mais do que ver, vale à pena sentir o lugar.

Palais de l'Isle, o principal cartão postal da cidade. (Embora eu discorde categoricamente deste título. Explicarei o motivo, mais adiante).

O Palais de l'Isle é um castelo construído dentro do canal Thiou, para servir de propriedade do senhor de Annecy, no séc. XVII. Logo depois foi utilizado como sede administrativa de Genebra e mais duas vezes como prisão. Isso mesmo, prisão. Uma durante a idade média e depois, no período da Segunda Guerra Mundial. Hoje é um museu que retrata a história do palácio e da cidade. Embora seja de uma beleza incontestável, até mesmo por sua localização no meio do canal, ladeado por flores, não é nem de longe a coisa mais linda de Annecy, e por isso, não o escolheria como cartão postal da cidade. Logo mais, mostrei qual seria minha escolha.

As flores parecem acompanhar os transeuntes por toda a cidade. 

E o belo Hotel de Ville de Annecy.

Château d'Annecy (Castelo de Annecy)

                             Depois da tranquila caminhada pelo centro da cidade, é hora de conhecer outra grande atração. Para isso, é bom que você tenha guardado um pouco de fôlego, porque a subida até lá não é para fracos não, (risos). Eu, por exemplo, dividi o percurso em três tempos, e o calor era tão grande que pensei seriamente em desistir, mas como eu sou brasileiro, não desisto nunca! E valeu à pena ter insistido. O castelo funciona como um museu que conta a história da cidade através de uma rica coleção de obras sacras, mobílias, maquetes, estátuas, além de algumas exposições temporárias de arte contemporânea. Mas o que faz valer o esforço da subida é, sem dúvida, a vista. Tudo do alto é ainda mais sublime. Daqui se tem uma visão sem igual do Lago de Annecy, que, na minha opinião, é o maior tesouro do lugar. Eu me sentei no muro do castelo, fiquei contemplando o lago e não queria mais ir embora.

Esta é a entrada do Château d'Annecy. A arquitetura externa do castelo é mais impressionante quando vista da parte baixa da cidade.

No interior, a estrutura começa a tomar forma de castelo.

Dentro do museu, uma rica coleção de pinturas, artefatos, desenhos e maquetes, remontam a história da cidade.

Também merece destaque a belíssima coleção sacra do lugar.

E a exposição temporária, com a arte contemporânea de Christian Jaccard.

A estrutura do castelo também impressiona por si só, como se pode observar neste salão principal. Fiquei imaginando as festas que aconteciam aqui.

Dos janelões do Castelo, uma vista privilegiada da cidade.

Mas nada se compara a vista que sem tem do lado de fora do Château d'Annecy. Essa sim, é de tirar o fôlego!

As Igrejas de Annecy

               Annecy tem sua história fortemente marcada pela religião. Ela foi palco da Reforma-Católica, contra o avanço do Calvinismo, em 1503, tendo a sede episcopal de Genebra transferida para lá. Este fato histórico rendeu a cidade outro carinhoso apelido de "Roma dos Alpes" e todo o legado desta época, pode ser conferido até hoje, através das suas belíssimas igrejas.

1. Igreja Saint-François de Sales

Igreja Saint-François de Sales - Aqui repousam os restos mortais de São Francisco de Sales, que foi bispo e um dos principais nomes de Contra-Reforma Católica na cidade, e de Santa Joana de Chantal, e por isto,  atrai fiéis em peregrinação de toda Europa.

Igreja Saint-François de Sales  - Com um interior simples, mas de valor histórico incontestável.



  

2. Igreja Saint-Maurice



 Igreja Saint-Maurice - Esta é a igreja mais antiga da cidade.  Construída em estilo Gótico "flamboyant" de grade representatividade, possui um quadro em seu interior, chamado "trompe l'oeil", datado do Séc. XV.

3. Igreja de Notre Dame de Liesse

A Notre-Dame-de-Liesse é a mais imponente das igrejas de Annecy. O engenheiro da obra, François Justin, foi incubido de preservar a Torre do Relógio, do Séc. XVI,  bem como, uma parte da construção, com uma bela janela gótica do séc. XV, que foram resquícios de um antigo santuário Marista que existia naquele lugar, no séc XIII.

O interior da Notre-Dame-de-Liesse é repleto de vitrais, afrescos e belíssimas esculturas. A cúpula central merece destaque. Toda ornamentada com delicados afrescos e com uma pequena janela no centro que deixa escapar uma luz suave para dentro da igreja.

As luzes que os vitrais projetam no piso da igreja também são um espetáculo à parte.

 O Lago de Annecy (Lac d'Annecy)

                            Esta sim é a atração mais extraordinária, imperdível e emocionante de Annecy. Me surpreendi em ver algumas publicações que não falavam a respeito dele ou não davam sua  importância merecida. Ir a Annecy e não contemplar esta maravilha, é o mesmo que ir a Paris e não ver a Torre Eiffel. O lago é considerado um mais limpos do mundo e isso você vai perceber só de olhar para ele. Suas águas são provenientes do degelo dos glaciares dos Alpes, que ocorreu há cerca de 18.000 anos e também é alimentado por uma fonte de água subterrânea que surge a 82 m de profundidade. E é nesta enorme piscina natural, a segunda maior da França, que várias pessoas passeiam de caiaque, de jangada, de pedalinho, tomam banho e fazem uma festa só. Tudo isso tendo, como pano de fundo, um cenário digno dos melhores cartões postais do mundo. Neste lugar a sensação de paz e tranquilidade é indescritível. É por isto que o lago de Annecy ocupa, com mérito,  o meu TOP10  dos lugares que precisam ser visitados.

Lac d'Annecy - Este sim, merece o título de cartão postal da cidade.

 Le Pont des Amours é uma das atrações mais famosas do Lago de Annecy. Esta ponte que liga o parque do lago ao Jardim da Europa, também serve como um dos pontos de entrada da água do lago para a cidade, através do Canal Vassé. A lenda diz que dois apaixonados dando um beijo no meio da ponte, ficarão juntos para sempre.

Le Pont des Amours - Mas para quem viaja sozinho ou com amigos, subir nesta ponte também é obrigatório. Daqui se tem uma das vistas mais hipnotizantes do lago, talvez por isso tenha sido escolhida pelos coração apaixonados, como referencial.

E é com este cenário, que para mim representa o verdadeiro espírito da cidade, que encerro este post. Um cartão postal que ficará guardado para sempre entre as minhas lembranças mais especiais.

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Uma vez fui viajar e não voltei Bruno Freire18:45 1 comentários

Uma vez fui viajar e não voltei.

Não por rebeldia ou por ter decidido ficar; simplesmente mudei.

Cruzei fronteiras que eu nunca imaginaria cruzar. Nem no mapa, nem na vida. Fui tão longe que olhar para trás não era confortante, era motivador.

Conheci o que posso chamar de professores e acessei conhecimentos que nenhum livro poderia me ensinar. Não por serem secretos, mas por serem vivos.

Acrescentei ao dicionário da minha vida novos significados para educação, medo e respeito.

Reaprendi o valor de alguns gestos. Como quando criança, a espontaneidade de sorrisos e olhares faz valer a comunicação mais universal que há – a linguagem da alma.

Fui acolhido por pessoas, famílias, estranhos, bancos e praças. Entre chãos e humanos, ambos podem ser igualmente frios ou restauradores.

Conheci ruas, estações, aeroportos e me orgulho de ter dificuldade em lembrar seus nomes. Minha memória compartilha do meu desejo de querer refrescar-se com novos e velhos ares.

Fiz amigos de verdade. Amigos de estrada não sucumbem ao espaço e nem ao tempo. Amigos de estrada cruzam distâncias; confrontam os anos. São amizades que transpassam verões e invernos com a certeza de novos encontros.

Vivi além da minha imaginação. Contrariei expectativas e acumulei riquezas imateriais. Permiti ao meu corpo e à minha mente experimentar outros estados de vivência e consciência.

Redescobri o que me fascina. Senti calores no peito e dei espaço para meu coração acelerar mais do que uma rotina qualquer permitiria.

E quer saber?

Conheci outras versões da saudade. Como nós, ela pode ser dura. Mas juro que tem suas fraquezas. Aliás, ela pode ser linda.

Com ela, reavaliei meus abraços, dei mais respeito à algumas palavras e me apaixonei ainda mais por meus amigos e minha família.

E ainda tenho muito que aprender.

Na verdade, tais experiências apenas me dirigem para uma certeza – que ainda tenho muito lugar para conhecer, pessoas a cruzar e conhecimento para experimentar.

Uma fez fui viajar…

e foi a partir deste momento que entendi que qualquer viagem é uma ida sem volta.

(Marcelo Penteado)

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